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O amanhã não está à venda ou está?

Fran Borges


Nesse mundo onde tudo é tão rápido e vemos com desconfiança essa relação entre homem e natureza, onde na verdade, nem paramos para observar, será que conseguimos o silêncio da reflexão?

O amanhã não está a venda de Ailton Krenak foi um "pequeno grande livro" que me surpreendeu pela força das suas palavras. Ao contrário do que vivemos hoje, a banalização da palavra como cita o próprio autor, Krenak traz significado à elas e nos convida a reflexão.


Nos convida a refletir não apenas sobre o nosso momento, mas como chegamos até ele. Em seu texto ele salienta o isolamento dos povos indígenas que não são respeitados em sua cultura, sua humanidade.


A tristeza da perda do Rio Doce, uma das maiores tragédias ambientais quando a barragem da Samarco se rompeu, depois veio Brumadinho, aumento catastrófico do desmatamento, garimpo ilegal e tantos outros. E mesmo diante de tanto descaso e banalidade, os povos indígenas seguem fazendo o que não aprendemos a fazer, viver de forma sustentável e em harmonia com a natureza. Como já ouvi Eliane Brum (jornalista e ativista) dizer: os povos indígenas são a floresta.



Krenak sente pena daqueles isolados nas grandes metrópoles, eu também sinto. A solidão daqueles em meio a milhões. O descaso do último governo, a vida descartável. Declarações do tipo "não sou coveiro", "e daí" entre outras. E daí mesmo para quem banaliza tanto a vida e a palavra.


Ailton me fez enxergar que não somos relevantes para biodiversidade, fauna e flora que segue sem nós, houve uma melhora quando uma parte de nós estávamos em quarentena, várias pesquisas comprovaram a diminuição dos níveis de poluição.


Essa pandemia que vivemos atingiu os humanos e será que aprendemos algo com ela? Alguns acredito que sim, outros não e isso é muito visível. Não há novidade. Acho que o espantoso seria uma sociedade baseada no consumo e na individualidade ter, em sua grande maioria, um enorme senso de coletivo. Somos criados nesse ciclo.



Um dos trechos do livro que mais me marcaram foi o que Ailton diz que essa pandemia, mais do que isolamento, pediu silêncio. Silêncio para ouvir o que esse momento significava e que precisamos sair dessa apatia. Dar um significado real a tudo que vivemos ou de nada valerá as milhares de vidas perdidas.


Nesse mundo onde tudo é tão rápido e vemos com desconfiança essa relação entre homem e natureza, onde na verdade, nem paramos para observar, será que conseguimos o silêncio da reflexão?


Um livro rápido e pungente que ainda está gratuito na Amazon, o e-book (Link para o livro). Leiam e aceitem o convite de Krenak, vamos tentar refletir porque estamos aqui e que ainda pode existir maneiras de melhorar, acho que um bom começo é ouvir e tentar compreender outras realidades. Vamos sair um pouco do cimento das cidades, ainda que seja através da leitura.


 



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