Fran Borges
David Bowie, uma cruzada no trânsito, um cachorro chamado Spock.
São sempre estranhos os momentos que nos marcam em um dia. Já parou para pensar, à noite, antes de fechar os olhos e dormir?
O caminho que a gente faz para chegar ao trabalho, por exemplo. É quase automático e na maioria das vezes passa em branco. O dia a dia, essa ordem mercadológica em que nos obrigam a funcionar, mas há alguns dias que olho devagar para cada momento.
Era uma sexta-feira, e que atire a primeira pedra o trabalhador que não ama uma sexta, já virou até verbo “sextar”, “sextou”. Bem, era uma sexta-feira, saindo do trabalho reparei na lua. Era dia de lua cheia. Ela estava linda, enorme e eu parei me perguntando o fascínio que ela causa nas pessoas.
Muitos poemas, músicas e não sei quantas frases já li em livros que começavam ou terminavam com “ao luar”. Será que tem a ver com o homem ter ido na lua? Com horóscopo? Até para o cabelo já ouvi falar que a lua influencia. Não sei de onde vem tanta mística, mas eu amo olhar para a lua. E parada no meio do estacionamento do trabalho lá estava eu admirando a lua.
Entrei no carro e o rádio já liga no automático. Sempre tenho alguma playlist de música tocando. E qual foi a música que tocou nesse dia? Star Man do David Bowie. Sim. Essa música faz parte do álbum Ziggy Stardust do Bowie. Ziggy é um alienígena que vem para terra e é uma estrela do rock andrógina e bissexual e ele é enviado para cá para trazer uma mensagem de esperança antes de um apocalipse. Bowie também dizia se tratar de um alter ego.
Ou seja, o tema lua, alienígena, homem das estrelas parecia estar reinando naquele dia. A lua e a música seguiam comigo no caminho. E eu sou daquelas que canta junto e ainda dá uma dançadinha dentro do carro enquanto ele está parado no trânsito. Imagino os outros motoristas pensando em um E.T.
Estava com Bowie e a lua em um cruzamento, infelizmente alguns motorista não estavam na minha vibe. Um cara cruza o caminho e faz a volta na contramão atrapalhando todo mundo. Buzina!!! Todos se sentindo injustiçados aguardando na fila enquanto outro corta caminho. Não buzinei, continuei com Bowie e segui para casa. Meu cachorro Spock, que por caso também é o nome de um alienígena, me esperava no portão.
São engraçados os momentos que nos marcam em um dia.
Qual momento marcou o seu dia, o dia em que você está lendo essa crônica? Me conta.
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