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Eleições, a primeira vez a gente não esquece

Fran Borges

1998 e 2022 a primeira vez a gente não esquece. Um deja vu acontece.



Eu votei pela primeira vez em 1998, tinha dezessete anos. Eu era daquelas que assim que fiz dezesseis corri para fazer meu título. Na época a gente ainda pegava fila, não era tudo online como agora (e soei como um dinossauro agora). Minha mãe sempre disse que herdei o gosto do meu avô que adorava política. A gente sempre conversava, ou melhor, tentava convencer um ao outro, ele mais do que eu. Sempre com ideias diferentes, mas conversávamos. Bons tempos.


Lembro da primeira vez, primeiro turno e já era a urna eletrônica. Outro dia descobri que ela já tem 25 anos acreditam? Eu também não acreditei.


Nas eleições anteriores sempre acompanhava minha mãe e quando era menor eu entrava com ela. Me sentia importante, criança é uma delícia. Depois continuei acompanhando minha mãe e vamos até hoje votar juntas, a gente vota na mesma seção. É quase como um compromisso de família. Apesar de ela dizer que herdei o gosto do meu avô, era ela que me levava para as assembleias do sindicato dos professores.


E meu interesse pela política foi crescendo. Fui buscando livros e me informando. Entendendo que o meu dia a dia era político. Quando eu vou no supermercado, se tem um buraco na minha rua, as oportunidades que tenho como mulher, se o gás aumenta ou diminui. Aliás, você já foi no supermercado e na farmácia? Pergunta tola. Todo mundo precisa ir e se você não é herdeiro ou bilionário você se deprime no caixa. Ser adulto em 2022 não tá fácil.



Já faz bastante tempo que ouvi uma frase “Quem não gosta de política, está condenado a ser dirigido por aqueles que gostam”. Na época nem sabia de quem era a frase, depois descobri ser do filósofo grego Platão. E ela sempre ficou na minha cabeça.


Outro dia eu estava assistindo um vídeo, um bate-papo da Rita Von Hunty no Pheeno TV (vou deixar o vídeo para vocês assistirem) e eles estavam falando sobre o voto obrigatório. O apresentador dizia ser a favor que o voto não fosse obrigatório no Brasil como já acontece em vários países. E ela respondeu que tinha dois lados, primeiro que o ideal seria que nada fosse obrigatório, mas que havia outras perguntas a se fazer. Se o imposto é obrigatório, idade para dirigir, leis para cumprir, porque o voto que decide quem vai legislar e regular esses impostos seria facultativo? Ela explica muito melhor do que eu no vídeo.


Mas o ponto é que essa fala dela pra mim se conectou muito com a fala do Platão que sempre ficou na minha cabeça. E eu queria e quero decidir, ser vista e ouvida e o voto, ainda que a gente possa tecer várias problemáticas, é uma forma de se fazer ouvir. E eu quero que essa política seja mais parecida comigo. Por isso hoje voto em duas candidatas a deputas no meu estado, em uma vice-governadora e o presidente é o mesmo cara que eu votei pela primeira vez em 1998, uma espécie de deja vu.


Sendo ou não obrigatório eu jamais abriria mão de ser ouvida. E hoje, mais uma vez, tenho a mesma sensação da primeira vez em que eu votei: sou importante.


 



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